Isadora Rezende, jovem mineira da Universidade Federal de Lavras (UFLA), no Sul de Minas, protagonizou uma história incomum — e inspiradora — ao se formar sozinha no Bacharelado Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia (BICT) com ênfase em Engenharia de Produção. Única aluna da turma a concluir todas as disciplinas dentro do prazo, ela protagonizou uma cerimônia de colação de grau solitária, que rapidamente se transformou em fenômeno nas redes sociais.
Em um vídeo publicado em março, Isadora aparece vestida de beca, caminhando sozinha pelo campus da universidade e fazendo o próprio discurso e juramento, emocionada, diante de uma plateia enxuta. “E pra quem duvidou de mim (na verdade, ninguém duvidou, mas eu gosto dessa frase de efeito)”, brinca na legenda, demonstrando o bom humor que tem marcado sua trajetória digital. A publicação já soma mais de 1,1 milhão de visualizações, enquanto outro vídeo de janeiro, intitulado “Um dia comigo na faculdade sendo a única aluna do meu curso”, ultrapassou os 3 milhões.
A jovem relata que percorreu uma longa viagem durante a madrugada para participar da colação, chegando à cidade de Lavras por volta das 3h da manhã — apenas 12 horas antes da cerimônia. “Não dormi. Precisei chegar cedo para gravar vídeo, experimentar a roupa e tentar me concentrar”, contou. Mesmo sozinha em sala de aula durante anos, Isadora encontrou motivação para seguir em frente. “Ter aula sozinha me desafia a buscar sempre 110% de mim”, disse, ressaltando que a solidão nunca foi obstáculo para seu comprometimento.
A peculiaridade da situação tem uma explicação: na UFLA, o curso de BICT é estruturado em dois ciclos. No primeiro, os estudantes cursam três anos de uma formação básica ampla, obtendo o título de bacharel em inovação. Na segunda etapa, com duração de dois anos, os alunos escolhem uma área de especialização, como engenharia de software, engenharia elétrica ou engenharia de produção — opção feita por Isadora, e que, naquele ano, não teve mais nenhum interessado além dela.
Segundo a universidade, o curso ainda passa por um processo de reconhecimento por parte da comunidade estudantil, o que influencia diretamente na adesão. A pandemia de Covid-19 também impactou a procura nos primeiros anos de funcionamento. Apesar disso, a UFLA defende o modelo por sua proposta inovadora e flexível, que permite uma formação sólida antes da especialização.
Agora, Isadora segue rumo ao segundo diploma, o de engenheira de produção, e já sabe: se tudo correr como previsto, vai se formar sozinha novamente daqui a dois anos.
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