Ednaldo Rodrigues não tentará mais retornar à presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). O dirigente afastado comunicou oficialmente ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta segunda-feira (19), a desistência de seguir recorrendo para reassumir o cargo, decisão que marca o fim de uma batalha jurídica iniciada após seu afastamento pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. A renúncia de Ednaldo ocorre poucos dias antes do julgamento no STF que analisaria a legalidade do acordo firmado em 2022, responsável por sua reeleição, e abre caminho definitivo para a eleição de um novo presidente na entidade.
Na manifestação enviada à Corte, Ednaldo justificou a decisão como um gesto para restabelecer a tranquilidade no cenário esportivo e proteger sua família dos desgastes causados pela exposição pública. "Movido pelo profundo desejo de restaurar a paz no futebol brasileiro e, sobretudo, a serenidade de sua própria vida familiar, que tem sido abalada por equívocos públicos, interpretações distorcidas e insinuações injustas", afirmou o ex-presidente. Ele ainda atribuiu parte da pressão que sofreu à resistência de grupos dentro da CBF e das federações estaduais que, segundo ele, não aceitaram as mudanças de gestão que priorizavam transparência e rompimento com antigas estruturas de poder.
Rodrigues também declarou que não pretende apoiar nenhum candidato na eleição convocada pelo interventor da CBF. “Não estarei concorrendo a qualquer cargo nem apoiando qualquer candidatura. Desejo sucesso e boa sorte àqueles que vão assumir a gestão do futebol brasileiro”, concluiu.
A decisão de Ednaldo favorece a eleição de Samir Xaud, atual vice-presidente da Federação Roraimense de Futebol. Com apoio declarado da Federação Mineira de Futebol e de outras 24 federações estaduais, Samir será eleito em chapa única, consolidando uma nova liderança na entidade máxima do futebol nacional.
Ednaldo Rodrigues assumiu a presidência da CBF em 2021, inicialmente como interino após o afastamento de Rogério Caboclo por denúncias de assédio. Em 2022, foi reeleito de forma unânime, com o apoio das 27 federações estaduais e dos clubes das Séries A e B, numa eleição viabilizada por um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado com o Ministério Público. A validade desse acordo é justamente o ponto central da Ação Direta de Inconstitucionalidade que será julgada pelo STF em 28 de maio, e que pode estabelecer um novo entendimento sobre a atuação do Ministério Público em entidades esportivas.
Além da disputa judicial, Ednaldo enfrenta duas investigações na Comissão de Ética da CBF. Uma delas, proposta pela deputada federal Daniela Carneiro (União-RJ), trata da possível falsificação da assinatura do ex-presidente Coronel Nunes. A outra, apresentada pelo vereador Marcos Dias Pereira (Podemos-RJ), inclui acusações de assédio e descumprimento de normas internas da entidade. Com a decisão de abrir mão do cargo, o dirigente tenta encerrar um capítulo conturbado de sua trajetória, deixando para trás um cenário político turbulento e um vácuo de liderança que será ocupado nos próximos dias.
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