Com a Praça de São Pedro completamente tomada por cerca de 150 mil pessoas, entre peregrinos, chefes de Estado, príncipes e representantes religiosos de todo o mundo, o Papa Leão XIV celebrou neste domingo sua missa inaugural como bispo de Roma, marcando o início oficial de seu pontificado com um forte apelo à unidade da Igreja e ao testemunho de paz. O novo pontífice, visivelmente emocionado em diversos momentos, iniciou a celebração após sua primeira volta no papamóvel. Sorridente, acenou para a multidão, mas não fez paradas para saudações pessoais, mantendo o tom solene da ocasião.
Durante a homilia, Leão XIV lembrou os dias que se seguiram à morte do Papa Francisco e destacou a sensação de orfandade sentida pelos fiéis. “Após a morte do Papa Francisco, nos sentimos como ovelhas sem pastor, mas tendo recebido sua bênção final no Domingo de Páscoa, e com olhos de fé, esperança e alegria, lembramos como o Senhor nunca abandona Seu povo”, declarou, em referência ao gesto derradeiro de seu antecessor. Ao receber os dois símbolos do papado — o pálio de lã e o anel do pescador — o pontífice contemplou o selo com reverência, uniu as mãos em oração e assumiu publicamente seu compromisso com a missão confiada a Pedro.
“Fui escolhido sem qualquer mérito e, com temor e tremor, venho até vocês como um irmão que deseja fazer-se servo da fé e da alegria, percorrendo com vocês o caminho do amor de Deus, que nos quer a todos unidos numa única família”, afirmou o Papa, reforçando o espírito de serviço e humildade com que pretende conduzir seu ministério. Para ele, o centro da missão petrina está no amor oblativo, aquele que se entrega e se sacrifica. “A verdadeira autoridade da Igreja é a caridade de Cristo. Não se trata nunca de capturar os outros com prepotência ou propaganda religiosa, mas de amar como fez Jesus”, ensinou.
A mensagem central da celebração foi clara: uma Igreja unida é indispensável para que o mundo encontre caminhos de reconciliação. “Meu primeiro grande desejo é uma Igreja unida, sinal de comunhão, fermento de um mundo reconciliado”, declarou. O Papa destacou as feridas abertas pela violência, pelo preconceito, pela exploração ambiental e pela indiferença social. Diante desse cenário, conclamou os fiéis a serem um sinal contracultural de esperança. “Queremos dizer ao mundo: Olhem para Cristo! Aproximem-se Dele! Escutem sua palavra que consola e sua proposta de amor que nos faz uma única família. No único Cristo somos um”, disse, provocando aplausos e lágrimas em muitos dos presentes.
A celebração contou com a presença de diversas lideranças internacionais. Entre elas, o vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, que liderou a delegação norte-americana após ter prestado homenagem ao Papa Francisco no sábado. O Brasil foi representado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, que também participou da cerimônia e enviou votos de felicidades ao novo pontífice em nome do povo brasileiro.
Ao encerrar a missa, Papa Leão XIV deixou uma exortação que resume o tom de seu pontificado nascente: “Irmãos, irmãs, esta é a hora do amor. Juntos, como único povo, todos irmãos, caminhemos ao encontro de Deus e amemo-nos uns aos outros!”. O apelo à fraternidade, à simplicidade e à comunhão dá os primeiros contornos de uma liderança que promete recolocar o amor como o coração pulsante da fé católica no século XXI.
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