O Governo Federal anunciou a criação de um posto de acolhimento humanitário no Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins, para receber brasileiros deportados. A iniciativa foi lançada pela ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, Macaé Evaristo, durante entrevista à Rádio Itatiaia nesta segunda-feira (27). A decisão foi motivada pelos relatos de maus-tratos em um voo recente que trouxe deportados dos Estados Unidos.
Segundo o ministério, o projeto busca oferecer suporte a quem retorna ao Brasil em condições vulneráveis. “Nosso Ministério vai atuar para termos um posto de coleta humanitária em Confins, o que já temos em Guarulhos. Recebemos migrantes e refugiados que enfrentam muitas dificuldades”, explicou.
O caso ganhou repercussão entre passageiros do voo relatarem episódios preocupantes. Alguns brasileiros afirmaram que foram algemados, sofreram agressões e receberam alimentação consumida durante a viagem. A aeronave, que deveria ter chegado a Confins na noite de sexta-feira (24), precisou fazer uma parada em Manaus devido a problemas técnicos, prolongando o sofrimento dos deportados, que enfrentaram calor excessivo no interior do avião.
A ministra destacou que a forma como as deportações foram conduzidas é inaceitável e viola tratados internacionais de direitos humanos. “Esperamos reciprocidade no tratamento, da mesma forma como o Brasil trata estrangeiros em situação irregular aqui”, declarou.
Este voo marcou a primeira deportação em massa de brasileiros na nova gestão Trump, que iniciou seu mandato em 20 de janeiro. A intensificação da barreira migratória foi uma das primeiras medidas anunciadas pelo governo norte-americano. Ainda não está claro se a deportação foi autorizada pela equipe do ex-presidente Joe Biden antes da transição de poder.
O Ministério das Relações Exteriores emitiu nota repudiando o tratamento dado aos repatriados, destacando que o uso de algemas e correntes é incompatível com o acordo firmado entre Brasil e Estados Unidos. “O governo brasileiro considera inaceitável que as condições acordadas com o governo norte-americano não sejam respeitadas. O Ministério das Relações Exteriores vai encaminhar um pedido de esclarecimento e permanecer atento às mudanças nas políticas migratórias naquele país”, afirmou o Itamaraty.
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