Morre, aos 97 anos, o jornalista Cid Moreira, ícone da TV brasileira

Na manhã desta quinta-feira (3), o Brasil perdeu uma das vozes mais emblemáticas da televisão nacional. O jornalista e locutor Cid Moreira, conhecido por sua longa trajetória no comando do "Jornal Nacional", faleceu aos 97 anos em um hospital de Teresópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro. Cid estava internado nas últimas semanas para tratar de uma pneumonia e enfrentava problemas renais desde 2022, submetendo-se a sessões de diálise, que passou a realizar em casa com o apoio de sua esposa, Fátima Sampaio. A causa de sua morte foi falência múltipla dos órgãos.

Natural de Taubaté, São Paulo, Cid Moreira completou 97 anos no último domingo (29). Sua carreira é marcada por um dos recordes da televisão brasileira: ele esteve à frente do "Jornal Nacional" por 27 anos consecutivos, de 1969 a 1996. Sua última apresentação no telejornal mais importante do país aconteceu em 29 de março de 1996, ao lado de Sérgio Chapelin. Ao recordar a estreia do "JN", Cid comentou ao site Memória Globo que inicialmente não tinha noção da importância daquele momento histórico.

Após deixar o "Jornal Nacional", Cid Moreira ainda integrou a equipe do programa "Fantástico", onde ficou eternizado por narrações como as do quadro do misterioso "Mister M", o mágico que revelava segredos de truques.

A voz que atravessou gerações

Cid Moreira se tornou referência não apenas pela sua postura como âncora, mas principalmente pela sua voz grave e inconfundível, que lhe rendeu o apelido carinhoso de "Cidão" entre amigos e familiares. Seu talento para a locução surgiu por acaso, quando um amigo o incentivou a fazer um teste em uma rádio local. A partir daí, sua carreira decolou até se tornar uma das figuras mais respeitadas da comunicação brasileira.

Nos anos 1990, Cid encontrou uma nova missão de vida: a narração de passagens bíblicas. Esse trabalho se tornou um projeto de grande sucesso, com a gravação da Bíblia na íntegra, que foi lançada em formato de áudio books, vendendo mais de 60 milhões de cópias. Nos últimos anos, ele passou a utilizar o YouTube para continuar compartilhando sua mensagem de fé.

Em uma entrevista de 2017, Cid revelou que não sentia saudades de seu tempo à frente do "Jornal Nacional", afirmando que estava vivendo o que considerava ser a fase mais gloriosa de sua vida, ao dedicar-se à disseminação da palavra de Deus.

Controvérsias familiares

Nos últimos anos de sua vida, Cid Moreira enfrentou uma polêmica familiar que ganhou destaque na mídia. Seus dois filhos, Roger e Rodrigo Moreira, o acusaram de maus-tratos e tentaram interditá-lo judicialmente. Eles alegaram que Fátima Sampaio, esposa de Cid, o estaria maltratando e pressionaram por sua prisão. Cid e Fátima negaram todas as acusações em um vídeo divulgado nas redes sociais, reforçando o vínculo de amor entre eles.

Com seu falecimento, o Brasil se despede de um dos grandes ícones da TV, cuja voz marcou gerações e que, até o fim, se dedicou a levar sua mensagem de fé e positividade ao público. Cid Moreira deixa um legado incomparável no jornalismo e na locução brasileira.