Polícia de São Paulo prende mais de 50 suspeitos em investigação sobre intoxicação por metanol

O Estado de São Paulo já contabiliza 51 prisões relacionadas à venda irregular e adulteração de bebidas alcoólicas em 2025. O número inclui 30 detenções realizadas desde o dia 29 de setembro, data em que o governo estadual intensificou as ações com a criação de um gabinete de crise voltado à investigação dos casos de intoxicação por metanol — substância altamente tóxica que tem provocado internações e mortes em diferentes municípios paulistas.

As prisões mais recentes ocorreram entre sexta-feira (10) e sábado (11) nas cidades de Hortolândia e Tatuí, ambas no interior paulista. Nessas operações, as forças policiais apreenderam mais de 10 mil garrafas de bebidas suspeitas. O material foi encaminhado para análise pericial, com o objetivo de verificar a presença de metanol e identificar as redes responsáveis pela distribuição dos produtos.

Além das apreensões, a Polícia Civil informou que celulares de oito suspeitos envolvidos na adulteração de bebidas serão periciados pela Delegacia de Investigações sobre Crimes Contra o Meio Ambiente de São Bernardo do Campo. Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), os aparelhos, bem como os laudos periciais das bebidas e insumos recolhidos em uma fábrica clandestina, estão sendo analisados para determinar o grau de envolvimento dos investigados e rastrear possíveis conexões entre os grupos criminosos.

As investigações também buscam identificar a origem do metanol utilizado nas bebidas adulteradas. De acordo com a Polícia Civil, há indícios de que o produto químico possa ter sido adquirido em um único posto de combustíveis. O secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, afirmou na semana passada que os adulteradores podem ter comprado o metanol acreditando tratar-se de etanol, usado com frequência na falsificação de bebidas alcoólicas.

O gabinete de crise criado pelo governo estadual vem acompanhando os desdobramentos da contaminação. Até o momento, foram registrados 185 casos de intoxicação, sendo 25 confirmados e 160 ainda em investigação. Entre os casos confirmados, cinco resultaram em mortes: três homens na cidade de São Paulo, uma mulher em São Bernardo do Campo e um homem em Osasco. Outros seis óbitos estão sob apuração. A capital paulista concentra a maioria dos registros, com vítimas entre 30 e 58 anos.

As operações policiais também resultaram em grande volume de apreensões. Desde o final de setembro, foram recolhidas mais de 21,4 mil garrafas de bebidas adulteradas, somando 71,4 mil unidades ao longo de 2025. Além disso, as equipes apreenderam mais de 105 mil insumos, 480 mil rótulos falsificados desde o fim de setembro — totalizando 15 milhões de rótulos em todo o ano — e 121,8 mil vasilhames vazios. Ao menos 13 estabelecimentos foram interditados de forma cautelar por suspeita de envolvimento na produção ou comercialização irregular.

O governo paulista reforçou que as operações de fiscalização e rastreamento continuarão em todo o estado, com prioridade para regiões onde há maior incidência de intoxicações e indícios de fabricação clandestina. O gabinete de crise, formado por órgãos de segurança, saúde e fiscalização, permanece em atuação para monitorar novos casos, aperfeiçoar as ações de combate à adulteração de bebidas e proteger os consumidores de produtos potencialmente letais.