O Hospital Risoleta Tolentino Neves, uma das principais referências no atendimento de urgência e emergência em Belo Horizonte e na Região Metropolitana, anunciou nesta segunda-feira (14) a restrição de novos atendimentos devido à superlotação da unidade. A decisão, que já impacta diretamente o fluxo de pacientes no sistema público de saúde da capital mineira, limita os atendimentos do pronto-socorro apenas aos casos considerados de emergência – com risco iminente de morte – e de muita urgência, que exigem intervenção imediata.
Com capacidade para receber até 90 pacientes simultaneamente no setor de urgência, o hospital registrava 181 pessoas em atendimento por volta das 14h desta segunda, ultrapassando em mais de 100% o limite físico e estrutural da unidade. Desde a última sexta-feira (11), o número de pacientes graves que chegam ao hospital cresceu de forma expressiva, comprometendo ainda mais a possibilidade de acolhimento a novos casos.
Diante do colapso, a direção do Risoleta notificou a Rede de Urgência e Emergência de Belo Horizonte, solicitando apoio no redirecionamento de pacientes para outras unidades do SUS. O hospital reforçou que todos os esforços estão sendo realizados para restabelecer o atendimento normal com segurança e responsabilidade, mas que a prioridade, neste momento, são os pacientes em situação crítica. Aqueles classificados como não críticos estão sendo orientados a procurar outras unidades de saúde da rede pública.
Essa não é a primeira vez que o Risoleta Neves enfrenta esse tipo de situação. Em janeiro deste ano, a unidade também suspendeu temporariamente a entrada de novos pacientes, alegando falta de condições estruturais e ausência de espaço físico para o atendimento. Agora, em julho, o hospital vive novamente uma pressão que expõe a fragilidade do sistema de saúde pública da capital, especialmente em momentos de pico de demanda.
Além dos desafios diários para manter a assistência médica, o hospital também está no centro de um debate sobre seu futuro administrativo. No dia 4 de junho, durante reunião do programa Assembleia Fiscaliza, o secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti, afirmou que o Risoleta Neves não será fechado nem terá seu funcionamento comprometido caso seja federalizado. A unidade está entre os 343 imóveis do governo de Minas que podem ser transferidos à União como parte do Propag, o Programa de Pleno Pagamento das Dívidas dos Estados. A proposta é utilizar os imóveis como ativos para reduzir o débito estadual, estimado em R$ 165 bilhões.
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