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Tarifa de 50% proposta por Trump pode encarecer produtos dos EUA no Brasil a partir de agosto

Lei da Reciprocidade Econômica autoriza resposta proporcional do Brasil e pode afetar setores como aviação, farmacêutico e tecnologia

10/07/2025 às 10h30
Por: Bianca Guimarães
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Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

A possível adoção de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, proposta pelo ex-presidente e pré-candidato Donald Trump, pode desencadear efeitos significativos também para os importadores do Brasil. O alerta é do professor Vladimir Feijó, especialista em Relações Internacionais do UniArnaldo Centro Universitário, de Belo Horizonte. Se não houver acordo entre os dois países até 1º de agosto, e a medida for de fato implementada, o Brasil poderá aplicar uma resposta proporcional amparada pela Lei da Reciprocidade Econômica, sancionada em abril deste ano pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A legislação, aprovada pelo Congresso Nacional como Lei nº 15.122, autoriza o país a retaliar parceiros comerciais que adotem políticas unilaterais prejudiciais às exportações brasileiras. Nesse cenário, os produtos norte-americanos importados para o Brasil podem ficar mais caros, afetando diretamente diversos setores da economia nacional. Segundo o professor, indústrias com alta dependência de componentes dos Estados Unidos, como a farmacêutica, a de biotecnologia, o transporte aéreo e as fabricantes de máquinas de precisão, podem enfrentar dificuldades para manter a produção caso as tarifas sejam efetivamente adotadas.

Entre os exemplos mais sensíveis está o setor de aviação, em razão da presença maciça de aeronaves da Boeing em operação no país, além da indústria farmacêutica, que importa insumos dos Estados Unidos com poucas alternativas imediatas de substituição. Feijó explica que, embora seja possível encontrar fornecedores alternativos — como Alemanha, Índia, Suíça ou até mesmo China —, a substituição exigiria adaptações às regras sanitárias e tempo para homologação.

O impacto, no entanto, não se restringe às importações. Exportações brasileiras também podem sofrer caso a taxação nos EUA avance. O petróleo bruto lidera a pauta de vendas brasileiras para os norte-americanos, seguido por minério de ferro, soja e açúcar. Embora esses produtos encontrem forte demanda em mercados como Europa e China, uma ruptura no fluxo comercial com os Estados Unidos exigiria redirecionamento logístico e novos acordos.

Com a aproximação do prazo limite e a incerteza política em torno da proposta de Trump, o cenário comercial entre Brasil e Estados Unidos segue sob atenção. Caso a tarifa entre em vigor, o Brasil deverá acionar os dispositivos previstos na nova lei, em um movimento que poderá redefinir a balança comercial e os fluxos de importação e exportação entre os dois países.

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