Em visita ao Nordeste, Lula anuncia pacote de bondades e reforça discurso de olho em 2026

Durante visita ao Nordeste nesta quarta-feira (28), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) adotou tom de pré-campanha ao anunciar um pacote de medidas sociais e criticar duramente o ex-presidente Jair Bolsonaro. Em cerimônia realizada na Paraíba, para assinatura da ordem de serviço de um novo trecho das obras da transposição do rio São Francisco, Lula anunciou que o governo irá ampliar a isenção na conta de luz, distribuir botijões de gás gratuitamente à população de baixa renda, facilitar o acesso a crédito para reformas e motofretes, além de lançar o programa Mais Especialistas, que visa agilizar o atendimento no SUS.

Segundo Lula, a partir do ano que vem, cerca de 60 milhões de brasileiros que consomem até 80 kWh por mês não pagarão mais pela energia elétrica. “Hoje o pobre paga mais energia que o rico. Isso vai acabar. O povo precisa de respeito, de dignidade”, afirmou. Ele também antecipou que pretende viabilizar linhas de crédito para a compra de motos por entregadores de aplicativo e retomará a distribuição gratuita de gás de cozinha, medida adotada durante seu governo anterior.

O presidente aproveitou o palanque para destacar o lançamento, previsto para sexta-feira (30), do programa Mais Especialistas, iniciativa do Ministério da Saúde para reduzir as longas filas de espera por exames e consultas especializadas no Sistema Único de Saúde (SUS). Lula criticou o atual tempo de espera por atendimento: “A pessoa vai ao médico, ele pede um cardiologista, a pessoa espera dez meses. Se tiver sorte, vive. Se não, morre. Isso é desumano. Vamos mudar essa realidade.”

Lula também retomou a agenda de viagens pelo Brasil após uma breve pausa causada por uma crise de labirintite. Nesta quarta-feira, ele participou de eventos em Pernambuco e na Paraíba. Segundo o presidente, essas visitas serão intensificadas nos próximos meses. “Vou viajar o país inteiro. Nunca mais o Brasil vai ter um presidente negacionista, que negava a Covid, que fazia fake news e deixava o povo à própria sorte”, disse, numa crítica direta a Bolsonaro.

Durante o evento em Cachoeira dos Índios (PB), Lula reforçou os ataques ao antecessor. Sem citar o nome de Bolsonaro, afirmou que o ex-presidente passou quatro anos “mentindo na televisão” e “inventando remédios falsos” durante a pandemia. “Mais de 700 mil pessoas morreram, e metade dessas mortes poderia ter sido evitada. A gente não pode votar em qualquer tranqueira para governar esse país”, declarou. “Precisamos eleger gente com compromisso, com dignidade, que olhe no olho do povo e fale a verdade.”

As falas e anúncios fazem parte de uma estratégia do governo para recuperar a aprovação popular, especialmente no Nordeste, reduto histórico de Lula. Pesquisas recentes indicam queda nos índices de aprovação na região, o que acende um alerta no Palácio do Planalto. Com promessas voltadas diretamente às camadas mais pobres da população, Lula busca reforçar sua imagem de líder popular e preparar terreno para as eleições de 2026.