Há sete dias, a pequena Alice Pereira Souza, de apenas dois meses de idade, enfrenta uma batalha pela vida em uma Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) em Esmeraldas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Diagnosticada com bronquiolite em estado grave, a bebê aguarda por uma vaga em um hospital com estrutura para tratar seu quadro, mas até agora não conseguiu a transferência. A família, desesperada, clama por ajuda diante da lentidão do sistema de saúde e da falta de leitos.
O pai, Rafael Souza Figueira, contou nesta terça-feira (6) que, mesmo após a Justiça determinar a imediata transferência da filha, nenhuma unidade hospitalar aceitou recebê-la, sob a alegação de superlotação. “Ela foi internada no primeiro dia que chegamos à UPA por causa de uma tosse persistente. Já colocaram ela na ala respiratória do CTI. Mas, com o passar dos dias, o quadro só piorou. E, mesmo com os esforços dos profissionais da UPA, nenhum hospital abriu as portas para ela”, relatou Rafael. Ele descreve um cenário de impotência e frustração: “Não sei mais o que faço. Minha filha não se alimenta direito, tem crises de tosse, e a cada dia fica mais fraca”.
A bronquiolite, doença respiratória comum e potencialmente grave em bebês, causa inflamação nas vias aéreas dos pulmões, dificultando a respiração e exigindo, em casos severos, suporte intensivo com oxigênio e monitoramento constante. Alice, por sua pouca idade, está entre os grupos mais vulneráveis. A situação, segundo o pai, sensibilizou inclusive os próprios profissionais da UPA, que estariam tentando insistentemente encontrar uma vaga. “Eles não têm culpa. Estão fazendo tudo o que podem, mas não têm suporte para um caso tão delicado. Eu mesmo tive que comprar um cateter para ajudar no tratamento”, disse Rafael, emocionado.
O drama da família de Alice se desenrola em meio ao agravamento da crise respiratória que atinge o estado. Na última sexta-feira (2), o governo de Minas Gerais declarou situação de emergência em saúde pública devido ao aumento expressivo de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), o que tem pressionado ainda mais os hospitais e dificultado o acesso a leitos pediátricos. O decreto assinado pelo governador Romeu Zema terá validade de 180 dias.
Enquanto isso, Alice continua internada em um ambiente improvisado, sem os recursos adequados para enfrentar a doença. A cada dia que passa, o tempo pesa contra a bebê, e a angústia da família aumenta. O pai faz um apelo para que as autoridades acelerem a transferência: “Peço urgência. Minha filha precisa de ajuda. Estamos perdendo tempo, e ela não tem tempo a perder”.
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