Pedro Leopoldo enfrenta crise financeira e nova gestão revela dívida de R$ 74 milhões e serviços comprometidos

A Prefeitura de Pedro Leopoldo divulgou, nesta segunda-feira (10), um balanço alarmante sobre a situação financeira do município. Durante coletiva de imprensa realizada no CEU, no bairro Hibiscos, a gestão atual revelou que herdou uma dívida total de R$ 74 milhões, enquanto os recursos disponíveis no caixa somam apenas R$ 5 milhões. O evento contou com a presença de representantes do Executivo, incluindo secretários municipais e vereadores.

A dívida foi detalhada da seguinte forma: R$ 27 milhões em restos a pagar a curto prazo e R$ 47 milhões em dívidas fundadas, que exigem compromissos de médio e longo prazo. Segundo a nova administração, o cenário encontrado demonstra falta de planejamento financeiro e dificuldades operacionais que impactam diretamente a prestação de serviços públicos essenciais.

O secretário municipal de Saúde e coordenador da transição de governo, Leonardo Barros, mencionou que uma equipe encontrou uma administração desorganizada, marcada pela centralização de decisões e falta de critérios na gestão de contratos. Segundo ele, um dos problemas mais críticos foi o grande número de contratações temporárias sem concurso público desde 2019, o que compromete a estabilidade dos serviços prestados.

A precariedade da frota municipal e a suspensão de serviços essenciais foram outras dificuldades herdadas pela nova administração. A coleta de lixo, por exemplo, chegou a ser interrompida em dezembro devido a atrasos nos pagamentos, obrigando uma intervenção direta do então prefeito diplomado Emiliano Braga. Além disso, diversos fornecedores da prefeitura estavam sem receber, comprometendo setores essenciais como saúde, educação e infraestrutura. “Encontramos um município com infraestrutura comprometida, fornecedores sem pagamento e um fluxo administrativo desorganizado. Agora, nosso trabalho é corrigir essas falhas e garantir que os serviços essenciais continuem funcionando”, afirmou Leonardo Barros.

A nova gestão também fez questionamentos sobre contratos firmados pela administração anterior, especialmente nos últimos meses de mandato. Entre os casos relatados está a reforma e ampliação do CEPPEL, cujo custo inicial de R$ 3,9 milhões já teve quatro aditivos, elevando o valor para mais de R$ 4,7 milhões, sem que a obra tenha sido concluída.

Outra situação preocupante envolve o uso indevido de recursos destinados ao saneamento básico, usados ​​para custear serviços sem aprovação do Conselho Municipal. A prefeitura também contratou fornecedores sem que houvesse saldo disponível para pagamento, agravando ainda mais o endividamento municipal.

A coletiva também expôs dificuldades na área da saúde. Foram encontrados medicamentos vencidos ou próximos do vencimento nos almoxarifados, além de equipamentos médicos sem uso adequado. Além disso, a equipe de transição também identificou contratações irregulares de profissionais médicos, sem o devido registro de qualificação, o que comprometeu o atendimento especializado da população.

Já em relação ao funcionalismo municipal, há promoções e progressões atrasadas desde 2015, que passaram a ser incorporadas em 2022, mas os pagamentos retroativos continuam pendentes. O impacto financeiro dessas pendências ainda está sendo avaliado, mas a nova gestão já sinalizou que buscará soluções para regularizar a situação.

Diante do cenário crítico, a prefeitura anunciou a criação de um comitê orçamentário e financeiro para reorganizar as contas públicas e garantir um maior controle sobre os gastos. Segundo o secretário de Governo, Gabriel Albino, a prioridade é equilibrar o orçamento e viabilizar investimentos que atendam às necessidades da população. “O desafio é grande, mas estamos comprometidos em reestruturar a administração e garantir uma gestão transparente e eficiente. Precisamos recuperar a prefeitura e retomar o desenvolvimento do município”, destacou Albino.

Com um orçamento projetado em R$ 350 milhões para este ano, a administração já adiantou que medidas de austeridade fiscal serão adotadas para equilibrar as contas e viabilizar novos projetos. A prefeitura também se compromete a manter a população informada por meio de encontros diários com a imprensa, nos quais serão apresentados os avanços e desafios enfrentados na gestão municipal.