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Mudanças climáticas intensificam risco de nova epidemia de dengue em Minas Gerais

Chuvas fortes e altas temperaturas favorecem a proteção do mosquito Aedes aegypti e acendem alerta de saúde pública

04/12/2024 às 14h00
Por: Redação
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Foto: Rodney Costa/Zimel Press/Folhapress
Foto: Rodney Costa/Zimel Press/Folhapress

As mudanças climáticas estão agravando o cenário da dengue em Minas Gerais, elevando o risco de um novo surto da doença nos próximos meses. O Estado, que viveu no início deste ano a pior epidemia de sua história, enfrenta agora as consequências de um clima imprevisível, com temperaturas elevadas e chuvas fortes que criam condições ideais para a reprodução do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya .

Em 2024, Minas Gerais registrou 1.340.980 casos confirmados de dengue e 1.091 mortes, segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG). Embora os números tenham caído desde maio, especialistas alertam que os “resquícios” da epidemia ainda podem impactar o período entre o final deste ano e o início de 2025, potencialmente levando a um novo aumento de casos.

O subsecretário de Vigilância em Saúde da SES-MG, Eduardo Prosdoscimi, destaca que as condições climáticas atuais estão mudando o perfil epidemiológico da doença. “Estamos vivenciando registros de temperatura e um padrão de chuvas equipamentos, que criam um ambiente ideal para o isolamento do mosquito. A epidemia deste ano foi sem precedentes, e precisamos estar preparados para um cenário semelhante”, alerta.

A bióloga Fernanda Raggi Grossi explica que o calor acelera o ciclo de desenvolvimento do Aedes aegypti. Em temperaturas mais elevadas, as larvas do mosquito levam apenas três dias para se tornarem adultas, enquanto em climas mais frios esse processo pode durar até duas semanas. Além disso, as chuvas intensas, combinadas com a baixa permeabilidade do solo urbano, criam pontos de parada de água que favorecem a reprodução. “Essas condições permitem que o mosquito se espalhe rapidamente por novas áreas, ampliando o risco de infestações”, afirma.

Outro fator preocupante é a circulação de um novo sorotipo da dengue, que aumenta a chance de casos mais graves em pessoas já infectadas anteriormente. De acordo com o infectologista Leandro Curi, a dengue apresenta um padrão sazonal, com maior incidência durante o verão, e é cíclica, com surtos graves ocorrendo a cada três ou cinco anos. “Combinando esse ciclo natural com os impactos das mudanças climáticas, o cenário se torna ainda mais crítico”, pontua.

Para tentar conter o avanço da doença, o Ministério da Saúde realizou recentemente o Dia de Conscientização de Combate à Dengue, promovendo ações educativas sobre a importância de eliminar os criados do mosquito. Entre as medidas recomendadas estão evitar o acúmulo de água parada em recipientes, tampar caixas d'água e manter calhas limpas.

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