Em Minas Gerais, mais de 630 crianças e adolescentes são vítimas de crimes contra a dignidade sexual a cada mês. Dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) revelam que, entre janeiro e setembro deste ano, foram registrados 5.699 casos de violência sexual contra menores de 17 anos. Embora este número represente uma queda de 3% em relação ao mesmo período do ano passado (5.875 vítimas), a realidade, conforme alertado por especialistas, pode ser ainda mais cruel, já que muitos casos nunca chegam ao conhecimento das autoridades.
Para combater essa situação alarmante, a operação Hagnos, deflagrada em todo o Brasil nesta quarta-feira (6 de novembro), visa intensificar a busca e a prisão de suspeitos de praticar esses crimes. Durante a operação, um dos presos foi o primo do "Maníaco de Contagem", que é acusado de violência física, moral e psicológica contra sua própria filha. O suspeito foi capturado na região Oeste de Belo Horizonte, onde atuou como membro de uma facção de tráfico de drogas.
Os crimes contra a dignidade sexual, conforme definidos pela Lei nº 12.015/2009, incluem estupro, violação sexual mediante fraude, assédio sexual, exploração sexual e tráfico de pessoas com fins de exploração sexual. O especialista em segurança pública Jorge Tassi, em entrevista, apontou que a perversidade de quem comete esse tipo de crime é muitas vezes associada a comportamentos psicopáticos, específicos para o abuso de menores. Ele também destacou que, em muitos casos, o agressor tem uma relação próxima com a vítima, como pais, avós, tios ou até funcionários de escolas, pessoas que deveriam garantir a segurança e integridade do jovem.
Outro fator que dificulta a eficácia da investigação e combate ao crime, segundo Tassi, é o silêncio das vítimas, que, muitas vezes, não denuncia o abuso por vergonha ou medo. “Em muitos casos, o agressor é uma pessoa próxima, o que torna ainda mais difícil para uma criança ou adolescente pedir ajuda”, explica. Isso faz com que os números reais de vítimas possam ser ainda maiores do que os registrados oficialmente.
As consequências desses abusos são devastadoras, afetando diretamente a sanidade mental das vítimas, que muitas vezes precisam de acompanhamento psicológico e médico. “Os danos à saúde mental das vítimas são imensuráveis”, alerta o especialista. O combate a esses crimes é urgente, e as penas previstas na legislação podem até 30 anos de prisão, conforme a gravidade do crime.
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