Com a aproximação do final do ano, os incêndios florestais em Minas Gerais têm causado estragos significativos não apenas ao meio ambiente, mas também à fauna local. Entre janeiro e setembro de 2024, o número de resgates de animais em incêndios já ultrapassou 87 ocorrências, o que representa um aumento alarmante de 107% em relação a todo o ano de 2023, quando foram registradas 42 ações de resgate. Este crescimento acentuado reflete a gravidade da situação, com animais silvestres e domésticos sendo vítimas de um fenômeno que os expulsa de seus habitats ou, em muitos casos, resulta em suas mortes.
Os dados fornecidos pelo Corpo de Bombeiros de Minas Gerais revelam um cenário preocupante, onde os resgates incluem não apenas animais silvestres, como onças, aves e répteis, mas também animais domésticos, como cavalos e gatos. Entre os casos mais emblemáticos, destaca-se o resgate de um filhote de mico encontrado em meio à vegetação queimada durante um incêndio no Parque Estadual do Pau Furado. O pequeno primata foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e, após a recuperação, deverá retornar à natureza, embora muitos outros animais não tenham a mesma sorte.
O tenente Felipe Augusto Biasibetti, coordenador do 1º Batalhão de Bombeiros Militar, explica que o principal desafio durante as operações de resgate é identificar o estado de saúde dos animais, uma tarefa complexa com os recursos limitados disponíveis para o combate ao fogo. Ele ressalta que, após o resgate, os animais são encaminhados para clínicas veterinárias parceiras ou para o Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS) do Ibama, onde são tratados e reabilitados.
Os efeitos devastadores dos incêndios florestais são evidentes em locais como a Unidade de Conservação do Santuário do Caraça, onde brigadistas relatam ter encontrado um “cemitério ao ar livre” de fauna. Douglas Henrique da Silva, biólogo e coordenador ambiental do santuário, lamenta a perda irreparável de toda a fauna de pequeno porte, afirmando que a força das chamas tem sido devastadora, queimando grandes áreas em questão de segundos.
Ainda de acordo com o Instituto Estadual de Florestas (IEF), até o momento, os Centros de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres em Minas Gerais acolheram alguns animais feridos, mas, devido à gravidade dos ferimentos, muitos não conseguiram sobreviver. O IEF afirma que, atualmente, há cinco centros operando no estado, prontos para tratar, reabilitar e, sempre que possível, reintroduzir os animais ao seu habitat natural.
A situação é um chamado à ação, não apenas para os órgãos governamentais, mas também para a sociedade em geral. A continuidade dos incêndios e suas consequências para a fauna local evidenciam a necessidade urgente de estratégias eficazes para proteger a biodiversidade e garantir a sobrevivência das espécies ameaçadas. Os reflexos desta crise se estenderão por anos, e a recuperação dos ecossistemas afetados será um desafio monumental.
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