
Após mais de uma década de interrupção, o Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) voltou a realizar um transplante de pulmão em Minas Gerais. O procedimento, considerado de alta complexidade, ocorreu na última sexta-feira (24) em uma paciente de 38 anos que aguardava há quatro meses na fila de espera. O órgão foi captado no Hospital Risoleta Tolentino Neves, também vinculado à universidade, e transplantado após uma operação que durou cerca de 11 horas.
A cirurgia mobilizou aproximadamente 20 profissionais, entre médicos, enfermeiros e técnicos das áreas de cirurgia torácica, pneumologia, anestesiologia e enfermagem. De acordo com o cirurgião torácico Daniel Bonomi, a retomada só foi possível devido ao investimento em tecnologia e à capacitação da equipe.
“A equipe se sente segura por contar com uma excelente estrutura e equipamentos como a ECMO [Oxigenação por Membrana Extracorpórea], o Cell Saver e o sistema de broncoscopia. Esses recursos são fundamentais para cirurgias de grande porte, como o transplante pulmonar, e se refletem diretamente na recuperação dos pacientes”, explicou o especialista.
A paciente segue internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital das Clínicas, com quadro de recuperação estável.
Entre 1998 e 2014, 21 dos 24 transplantes de pulmão realizados em Minas Gerais ocorreram no Hospital das Clínicas da UFMG. Desde então, o estado havia ficado sem centros habilitados para o procedimento, o que obrigava pacientes a buscar atendimento em São Paulo, Rio de Janeiro ou Rio Grande do Sul.
O recredenciamento do serviço foi concluído em 2023, após aprovação do Ministério da Saúde e anúncio do secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti. O hospital passou por uma ampla reestruturação, incluindo treinamento de equipes especializadas e a aquisição de equipamentos de última geração, como a ECMO — tecnologia que garante suporte respiratório e circulatório durante cirurgias complexas.
Atualmente, seis pacientes aguardam na fila do novo programa mineiro de transplantes pulmonares, e a expectativa é de que novos procedimentos sejam realizados até o fim do ano.
O Hospital Risoleta Tolentino Neves, responsável pela captação do órgão, promoveu o tradicional “Corredor da Honra”, uma cerimônia em que profissionais de saúde prestam homenagem ao doador e à família. A ação é organizada pela Comissão Intra-hospitalar para Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT), em parceria com o MG Transplantes, órgão estadual que coordena a regulação e logística das doações.
Em 2025, o Risoleta já contabiliza sete doadores de múltiplos órgãos, reforçando o compromisso da rede pública com o fortalecimento da política de transplantes e com a valorização da solidariedade que salva vidas.
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