Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, ostenta o maior salário médio do Brasil, R$ 6.929, segundo dados recentes do IBGE. O município, conhecido por seus condomínios fechados de luxo e qualidade de vida elevada, atraiu nas últimas décadas moradores de alto poder aquisitivo, principalmente da capital, e registrou um crescimento populacional de 88% desde 2000, passando de 64.387 para cerca de 120.959 habitantes em 2025.
Apesar da riqueza média, a desigualdade é evidente: 23% da população, cerca de 28.631 moradores, está inscrita no Cadastro Único para programas sociais do governo federal. Destes, 8.864 vivem em situação de pobreza e 8.232 em baixa renda. Para especialistas, os valores médios de salário são puxados para cima pelo grupo de alta renda, enquanto uma parcela significativa da população enfrenta vulnerabilidade econômica.
Segundo Humberto Sette, coordenador técnico do Censo 2022 em Minas Gerais, a presença de condomínios verticais e residenciais de alto padrão explica o aumento expressivo na renda média. “Está evidente que existem valores extremos em Nova Lima. Os valores médios são muito sensíveis a valores extremos, e temos um grupo com rendimentos bastante destoantes”, afirmou.
O economista Marcelo Neri, diretor da FGV Social, observa que Nova Lima se destaca não apenas pela renda, mas também pela atratividade ligada à qualidade de vida. “É um lugar bom de se trabalhar, mas, acima de tudo, é um local de boa qualidade de vida. Refaz um pouco a trajetória dos subúrbios americanos, onde a escolha da moradia se dá por qualidade de vida”, explicou.
O contraste entre riqueza e vulnerabilidade é visível no cotidiano dos moradores. Milena Ferreira, vendedora em uma ótica na região central, diz que a média salarial elevada da cidade não reflete a realidade de todos: “Eu ainda não estou nesse meio. Pagamos as contas e sobra um pouco para diversão e saúde”, relata.
Nova Lima lidera o ranking nacional de salários médios, à frente de cidades como São Caetano do Sul (SP), R$ 6.167, e Santana de Parnaíba (SP), R$ 6.081, evidenciando a concentração de renda que convive com uma parcela significativa da população em situação de vulnerabilidade econômica.
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