A judoca mineira Thaísa Cristina Gomes Avelar Celestino, de 31 anos, natural de Ribeirão das Neves, está a um mês de disputar o Campeonato Mundial de Veteranos de Judô, que ocorrerá na primeira semana de novembro em Paris, França. Campeã brasileira em 2024 e vice-líder do ranking mundial em sua categoria, Thaísa enfrenta agora um desafio fora do tatame: a obtenção de recursos financeiros para viajar e competir.
Atleta da região metropolitana de Belo Horizonte, Thaísa construiu uma carreira marcada por títulos estaduais, nacionais e sul-americanos. Apesar das conquistas, a falta de patrocínio a levou a lançar uma campanha online pedindo doações a partir de R$ 1,00 para custear despesas de transporte, hospedagem e acompanhamento técnico. O objetivo é arrecadar R$ 25 mil, valor necessário para que ela e seu técnico possam participar do Mundial. Até o momento, a campanha já angariou pouco mais de R$ 7 mil. “Se eu não alcançar a meta, vou parcelar no cartão e ir sozinha. Mas seria muito importante ter meu técnico comigo, principalmente por eu ser mulher e ser minha primeira competição internacional”, afirmou.
A trajetória de Thaísa começou aos 12 anos, quando entrou no judô por meio de um projeto social na Cidade dos Meninos São Vicente de Paula, em Ribeirão das Neves. Inicialmente interessada no vôlei, ela encontrou no tatame uma oportunidade de transformação pessoal. Durante quase duas décadas de dedicação ao esporte, enfrentou dificuldades financeiras e estruturais, chegando a dormir em ginásios e alojamentos improvisados para participar de competições.
Sua preparação para o Mundial inclui treinos diários de técnica, força e condicionamento físico, complementados por corrida e pilates. Thaísa também valoriza o aspecto emocional, usando música, fé e mentalização das lutas para manter a concentração. Seu golpe preferido, o ippon, tornou-se sua marca registrada e reflete seu estilo de luta determinado e técnico.
Além das barreiras financeiras, a atleta também se destaca por sua condição de mulher, mãe e negra em um esporte marcado por desigualdades. Cada vitória representa, segundo Thaísa, a possibilidade de inspirar jovens da periferia e mostrar que o esporte pode ser um caminho de superação e empoderamento. “Ganhar uma medalha em Paris seria mostrar que é possível vencer mesmo começando em um projeto social e enfrentando tantas limitações”, destacou.
Reconhecida pela Prefeitura de Ribeirão das Neves, que lhe concedeu a bandeira da cidade para levar ao Mundial, Thaísa ainda não recebeu patrocínio de empresas ou instituições esportivas. “O Brasil valoriza muito o futebol. Já em outros esportes, a gente precisa correr atrás. Nunca tive patrocínio. Sempre banquei tudo do próprio bolso, com rifas ou ajuda da comunidade”, explicou.
Mesmo conciliando treinos intensos com trabalho no setor de vendas em Belo Horizonte, Thaísa mantém o foco no judô e planeja continuar competindo enquanto puder, além de atuar futuramente em projetos sociais e como treinadora. Seu legado, segundo ela, vai além das medalhas: é sobre inspirar novas gerações e mostrar que sonhos podem ser alcançados com esforço e dedicação.
Para contribuir com a campanha da judoca, as doações podem ser feitas via PIX: 3199291-7202, a partir de R$ 1,00. Cada contribuição ajuda a viabilizar a participação de Thaísa no Campeonato Mundial em Paris e a manter viva a trajetória de superação que a transformou em referência do judô brasileiro.
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