A possibilidade de retirar as cerca de 13 mil cadeiras do Setor Amarelo, tanto Superior quanto Inferior, do Mineirão, ganhou um passo importante nesta quinta-feira (29) em audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). O tema foi discutido com a participação de representantes do Cruzeiro, da Minas Arena, concessionária que administra o estádio, parlamentares e torcedores organizados que defendem a medida como forma de promover uma experiência mais livre para o público, além de contribuir para a segurança e reduzir prejuízos financeiros causados pela danificação constante das cadeiras. O diretor de marketing e mercado do Cruzeiro, Marcone Barbosa, declarou apoio integral do clube à retirada dos assentos, destacando que o Mineirão possui oito setores e que o Setor Amarelo poderia ser dedicado ao público que deseja assistir aos jogos em pé, com uma festa mais efusiva e animada. Ele ressaltou que, embora o clube apoie a mudança, não há previsão de redução no preço dos ingressos para o setor, já que o valor atual, de R$ 30 para sócios, não cobre sequer os custos operacionais das partidas. Marcone ainda mencionou que o presidente do clube, Pedro Lourenço, é favorável à iniciativa e que os aspectos técnicos e financeiros da retirada das cadeiras serão analisados.
A Minas Arena, representada por Jacqueline Alves, diretora da concessionária, destacou que a segurança é a maior preocupação e que, por se tratar de um estádio concedido, a retirada não poderia ocorrer sem autorização. Um consultor foi acionado para elaborar o projeto que já foi aprovado pelo Corpo de Bombeiros em 2012, reforçando que a concessionária está empenhada em colaborar para viabilizar a mudança. A secretária de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias do Governo de Minas, Silvia Machado Lage, também presente na audiência, afirmou que o Poder Executivo não se opõe à proposta e que seu papel é ouvir as partes envolvidas, reafirmando o compromisso do Estado em cumprir o contrato de concessão do estádio.
Os estudos para a implementação da retirada estão em andamento, considerando impactos importantes, como o aumento do peso sobre a estrutura da arquibancada, a necessidade de ampliar o número de catracas e banheiros, já que a capacidade do estádio poderá crescer. Também foi informado que, em eventos futuros de grande porte, como a Copa do Mundo Feminina de 2027, as cadeiras terão que ser reinstaladas. Além da aprovação do governo estadual e da Minas Arena, a retirada das cadeiras depende da autorização de órgãos como a Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha) e o Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural do Município de Belo Horizonte (COPCM-BH).
A audiência foi conduzida pelo deputado estadual Professor Cleiton (PV), torcedor do Cruzeiro, que ressaltou a convergência de opiniões entre clube, torcidas e administração do estádio. Parlamentares Bruno Engler (PL), Coronel Henrique (PL) e Alencar da Silveira Júnior (PDT) também manifestaram apoio à retirada das cadeiras. A iniciativa foi amplamente defendida pelo Movimento Amarelo Sem Cadeiras, que apresentou um dossiê destacando exemplos nacionais e internacionais de estádios com setores populares sem assentos, citando os casos do Independência e da Arena MRV, em Belo Horizonte, como referência para a proposta. Para os torcedores, a mudança traria maior liberdade para as torcidas organizadas, melhoria da segurança e a redução dos prejuízos que o clube atualmente enfrenta com a manutenção e substituição das cadeiras danificadas.
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