O Ministério Público da Bahia (MP-BA) abriu um inquérito civil para investigar a cantora Claudia Leitte sobre um possível ato de racismo religioso. A denúncia foi feita pela Iyalorixá Jaciara Ribeiro e pelo Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras (Idafro), após um artista modificar a letra da música “Caranguejo” durante uma apresentação, substituindo a saudação a Iemanjá por uma referência a Jesus. O caso está sendo tramitado pela Promotoria de Justiça de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa, sob a responsabilidade da promotora Lívia Sant'Anna Vaz.
De acordo com a promotora, a investigação busca apurar uma possível violação de bem cultural e de direitos das comunidades religiosas de matriz africana, além de avaliar a possibilidade de responsabilização criminal da cantora. Para Lívia Vaz, é essencial esclarecer que a atitude de Claudia Leitte configurou uma prática de racismo religioso, que, segundo o MP-BA, não pode ser tolerada em um estado com forte herança cultural africana como a Bahia.
A polêmica ganhou ainda mais destaque após o secretário de Cultura e Turismo de Salvador, Pedro Tourinho, criticar publicamente a atitude da cantora. Segundo ele, a alteração na letra da canção, especialmente em um momento que comemora os 40 anos do Axé Music, representa uma forma de apropriação cultural e desrespeito às tradições afro-brasileiras. Tourinho destacou a importância de preservar a diversidade cultural e religiosa, pilares da identidade baiana.
Claudia Leitte ainda não se manifestou oficialmente sobre a denúncia, mas a polêmica reacendeu o debate sobre a intolerância religiosa e o apagamento das religiões de matriz africana no Brasil. A música “Caranguejo” é tradicionalmente interpretada como uma homenagem a Iemanjá, um dos orixás mais reverenciados nas religiões afro-brasileiras, e a alteração feita pela cantora gerou forte incidência de líderes religiosos e da sociedade civil.
Mín. 18° Máx. 28°