
Os trabalhadores da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) decidiram entrar novamente em greve, desta vez por tempo indeterminado, a partir do dia 4 de novembro. O movimento é uma reação à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 24/2023, em tramitação na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), que propõe eliminar a exigência de referendo popular para a privatização de empresas públicas estaduais, como Copasa, Cemig e Gasmig.
A nova paralisação foi aprovada em assembleia realizada nesta terça-feira (28), organizada pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Purificação e Distribuição de Água e em Serviços de Esgotos do Estado de Minas Gerais (Sindágua-MG). O presidente da entidade, Eduardo Pereira, explicou que o movimento busca preservar o direito da população de participar de decisões sobre o futuro das estatais.
“A PEC 24 não atinge apenas os trabalhadores da Copasa, mas toda a população mineira. Seja a favor ou contra a privatização, o cidadão tem o direito de decidir se quer entregar empresas estratégicas como Copasa, Cemig ou Gasmig à iniciativa privada”, afirmou o sindicalista.
Na semana passada, a categoria já havia realizado uma greve de três dias, mas suspendeu a paralisação após orientação jurídica e convocou uma nova votação. Com a decisão desta terça, os servidores prometem manter o movimento até que a proposta seja retirada ou rejeitada pela Assembleia.
Apesar da greve, o sindicato assegura que serviços essenciais de abastecimento de água e tratamento de esgoto não serão interrompidos. Segundo Pereira, as equipes de manutenção que atuam diretamente nas ruas são terceirizadas e continuarão trabalhando normalmente.
“Não vamos colocar a população contra o nosso movimento. Não vai faltar água nas casas, nem haverá esgoto vazando por causa da greve. A Copasa já não executa diretamente muitos desses serviços de campo”, explicou o presidente do Sindágua-MG.
Além da greve, os trabalhadores anunciaram uma mobilização pública no sábado (1º de novembro), na Praça Raul Soares, em Belo Horizonte, como forma de chamar atenção da sociedade para o tema.
Durante a reunião da comissão especial que analisa a PEC, também foi incluída no texto a Gasmig, estatal responsável pela distribuição de gás natural em Minas. Caso a proposta seja aprovada, a privatização da Gasmig também poderá ocorrer sem consulta popular.
“É preocupante ver o avanço dessa PEC, porque estamos falando de empresas estratégicas que ajudam a reduzir as desigualdades regionais no estado”, concluiu Eduardo Pereira.
A PEC 24/2023 segue em tramitação na Assembleia Legislativa, e a expectativa é que novas audiências e votações sejam realizadas nas próximas semanas. Enquanto isso, o Sindágua-MG reforça que a categoria permanecerá mobilizada “em defesa do patrimônio público e do direito de decisão popular”.
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