Mulheres se unem para fazer conexões, potencializar mercados e ampliar negócios. Grupo que surgiu há alguns anos ganha força em Lagoa Santa e já é reconhecido como entidade que simboliza a mulher empresária
Reinventar. Tá aí uma coisa que as mulheres fazem bem. No dicionário, reinvenção quer dizer criar algo a partir do que já existe, transformar, sair da rotina. Em um cenário de crise, com quase 14 milhões de desempregados, essa palavra parece bem vinda. E é. Os homens perderam mais vagas de empregos, mas se as pesquisas mostrassem quem melhor conseguiu se reerguer, as mulheres com certeza estariam lá. Habilidosas na arte da reinvenção, elas tem desempenhado importante papel na economia. De acordo com o Sebrae, mais de 50% das novas empresas abertas em 2014 eram coordenadas por mulheres. Se no mercado o cenário está mudando, nos lares a situação não é diferente. Quatro em cada dez casas, hoje, são chefiadas por mulheres. Quando falamos em renda, infelizmente, ainda existe uma discrepância. A diferença de salários entre os sexos ainda é de cerca de 16%. Homens chegam a ganhar quase 500 reais a mais desempenhando as mesmas funções de uma mulher. São questões como essas e outros estereótipos que algumas pessoas lutam para acabar. “Foi o tempo que mulher só servia para organizar cafézinho. Hoje, grandes empreendedoras comandam empresas que oferecem coffe breaks, ganham seu próprio dinheiro executando muito bem as tarefas a que se propõe”, afirma Maria Rita Alvarenga, presidente de um grupo de empreendedorismo feminino de Lagoa Santa. Mãe de dois filhos, casada e com três empresas, a empresária sabe bem que o papel da mulher na sociedade mudou e que atualmente elas têm feito muito pela economia. “Se a mulher perder o emprego, ela vai vender empadinha, vai fazer pão de queijo… Ela vai notar uma demanda de mercado e vai se virar para ocupar aquela lacuna! A mulher se desdobra e faz o dinheiro girar. Não existe muito isso de não conseguir ou não dar certo no vocabulário da mulher”, ressalta Maria Rita. Foi com essa visão empreendedora que surgiu o Make&Miss, um projeto que queria potencializar as conexões empresariais em Lagoa Santa. Não por coincidência, a empresa conseguiu seu objetivo e ainda virou uma expert em empreendedorismo feminino. “Não limitamos às mulheres. Temos excelentes parceiros homens! Mas se pudermos valorizar a nossa classe é o que faremos!”, enfatiza a empresária. O grupo reúne cerca de 40 empresárias de todos os segmentos da cidade. Na definição do grupo, está clara a diferença e individualidade de cada mulher, mas acima disso, a ênfase em pessoas com o mesmo objetivo: transformar vidas através do empreendedorismo. “Entendemos que o fortalecimento de vínculos entre nós é, além de tudo, extremamente empoderador para a mulher e que juntas podemos não apenas impulsionar nossos próprios negócios, mas ajudar outras mulheres a conquistar seus sonhos”, informa a presidente do grupo que é tido como um projeto de vida. O Make&Miss é apenas um exemplo de sucesso, mas o empreendedorismo feminino tem tomado proporções gigantescas. Segundo pesquisa do Sebrae, o fomento de empresas entre as mulheres cresceu pelo menos 30% nos últimos 14 anos. São empresárias, em geral, com menos de 34 anos e que decidiram tomar as rédeas de suas vidas, incluindo a profissional. Ainda segundo o levantamento, as áreas em que elas mais atuam são: restaurantes, serviços domésticos, cabeleireiros e comércio de cosméticos. No grupo de Lagoa Santa, o perfil também é diversificado. As participantes estão, em sua maioria, na faixa etária entre 31 a 40 anos e atuam em diversas áreas como comércio, beleza e eventos. Cerca de 70% delas tem filhos. Com encontros quinzenais, as representantes têm trabalhado duro para fazer a economia girar, principalmente para o público feminino. “O empreendedorismo é parceria. Aqui em Lagoa Santa, as mulheres conseguem fazer muito bem isso. Com o networking e troca de experiências, conseguimos potencializar nossos negócios”, diz a empresária Claudinha Verneck, sócia proprietária da Visu Micro pigmentações. O trabalho, obviamente, é feito sempre visando a questão financeira. Trabalha-se para ter um retorno financial ao fim do mês. Mas as mulheres tem, nesse âmbito, um diferencial dos homens: a busca da satisfação pessoal. “O empreendedorismo é a vontade de fazer algo diferente que nos traga, principalmente, satisfação e motivação pessoal”, revela Waldete Aragon, empresária do salão de beleza Waldete Aragon. Em um encontro promovido pela Revista Impactto com 22 empresárias da cidade, foi possível constatar: empreender sendo mulher envolve muita coisa. Emoção, principalmente. “Empreender para mim é não medir esforços e ter atitude para buscar os sonhos”, diz emocionada Patrícia Fonseca Costa, empresária do Make Negócios. Detalhistas, que fazem acontecer. Preocupadas com capacitação e curiosas. Atenciosas e multitarefas. Essas são apenas algumas das características das mulheres empreendedores, pertinente, também, às empresárias da cidade. Abaixo, você conhece um pouco mais sobre cada um delas.
Mulher no mercado de trabalho
Fatia ocupada pela população feminina
2007 – 40,8% das vagas eram ocupadas pelo público feminino
2016 – 44% das vagas são ocupadas pelas mulheres
Em 2009, em média, eram 10,6 milhões de mulheres na força de trabalho, sendo 9,6 milhões ocupadas e 1,1 milhão desocupadas. O contingente de mulheres na inatividade foi estimado em 11,3 milhões.
Estados com menor diferenciação na ocupação de mercado
Roraíma – 49,6% das vagas para mulheres
Acre – 47,2% das vagas para mulheres
Distrito Federal e Mato Grosso tem o menor percentual de mulheres em atividades formais
Fonte: Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (Caged)
Dados de 2016
As mulheres perderam menos espaço no mercado de trabalho que os homens. Entre 2012 e 2016, 6,4% dos homens perderam seus empregos contra 3,5% entre as mulheres.
Fonte:IBGE (2016)
Mulheres chefes de família
1995 – 23% dos domicílios eram chefiados por mulheres
2015 – 40% dos lares têm mulheres como referência de renda. Dessa taxa, 34% têm uma presença masculina que não é fonte de renda principal
Fonte: IBGE (2016)
4 em cada 10 lares são chefiados por mulheres, conforme Pesquisa Nacional de Amostras de Domicílios (PNAD) do IBGE. Dessas, 41% empreendem e tem seu próprio negócio.
Fonte: PNAD / IBGE
Diferença salarial
As mulheres ainda ganham menos que os homens. Em 2015, a diferença entre os salários chegava a 16%. Enquanto o salário médio dos homens era de R$2.905,91, as mulheres ganhavam R$2.436,85.
Nos cargos de chefia e gerência, as mulheres ocupam entre 5 e 10% das instituições brasileiras, de acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Fonte: IBGE (2015)
Perfil da mulher empreendedora em Minas Gerais
A empresária mineira é em sua maioria branca (37,4%), com idade entre 31 e 40 anos (30,5%), possui ensino médio completo (38%), casada (65,8%) e possui filho (72,8%).
Cor da pele
Branco 37,4%
Pardo 22,9%
Negro 5,1%
Não sabe ou não respondeu 34,5%
Estado Civil
Casada 65,8%
Solteira 22,1%
Divorciada 8,1%
Viúva 4,0%
Filhos
71,8% Sim
28,2% Não
Faixa Etária
Até 30 anos – 21%
De 31 a 40 anos – 30,5%
De 41 a 50 anos – 27,9%
De 51 a 60 anos – 16,3%
Acima de 60 anos – 4,3%
Grau de escolaridade
Não estudou – 0,4%
Fundamental Incompleto – 3,8%
Fundamental Completo – 5%
Médio Incompleto – 3,8%
Médio Completo – 38%
Curso técnico – 4,3%
Superior incompleto – 10,6%
Superior completo – 27,6%
Pós graduação – 6,5%
*: Dados de 2017 levantados pelo Sebrae Minas.