Nem sempre eles foram protagonistas. Durante a gestação, a atenção está toda nela – a mãe – que carrega por nove meses a nova atração da casa e da família. Em muitos casos, cabia também a ela a educação. Os tempos mudaram. Agora, eles querem fazer a diferença. E sem necessariamente acreditar que estão fazendo algo além do seu próprio papel. Buscamos em três histórias diferentes contar a realidade de três pais que se desdobram para fazer a diferença. São casos comuns, mas especialmente incríveis e que vão inspirar pais, filhos e famílias inteiras. João Vitor, Rafael e Ademar são pais jovens – fato cada vez mais comum no Brasil – que encarnam o papel de ‘pai herói’ e fazem de tudo por suas crias.
PAI e PAIDRASTO: desfazendo o estigma de substituto no papel de educar
João Vitor não programou virar o pai da Duda. E isso não quer dizer que ele não se programou para a paternidade. Quando conheceu Karina, sua atual companheira, Duda já tinha chegado ao mundo. E foi ao conhecer ela, que ela descobriu o valor de ser pai. “Duda chegou na minha vida para me mostrar o verdadeiro significado do amor”, conta babando o padrasto. Quem vê hoje a relação dos dois nem imagina como eram as coisas lá atrás. Com gênio forte, a pequena não aceitou de cara a ideia de ter alguém para dividir a mamãe. “Quando conheci a Duda, ela não gostou muito da ideia de ter um padrasto. Falava que eu não poderia namorar a mãe dela de jeito nenhum”, conta lembrando João Vitor. Com o passar do tempo, a relação fluiu e hoje não há quem duvide que João é de fato o pai da Duda. “Depois que ela me aceitou, passei a cuidar ainda mais dela, com mais carinho ainda. Passou a tratá-la como minha filha e hoje é isso que ela é: minha filha”, fala emocionado. O tempo passou e João veio experimentar a paternidade de um outro jeito. A companheira engravidou e uma nova princesinha chegou para tomar conta da casa. Ana Luisa chegou há meses, mas antes mesmo de nascer já tinha conquistado o coração do pai. “Ana chegou na minha vida para alegrar ainda mais os meus dias. O nascimento da Ana foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida. É um sentimento único, inexplicável. Não há palavras para descrever tamanha felicidade. Só quem já presenciou o nascimento de uma criança, sabe do que estou falando”, desabafa o pai. A paternidade contribuiu para o amadurecimento do jovem que mesmo com pouca idade já sonhava em exercer o papel de pai. “Hoje tenho mais certeza das minhas escolhas”, garante. Questionado sobre o futuro, João já pensa no que vem pela frente. “Quero ver as minhas duas filhas estudadas. Quero ter sabedoria para fazer das duas grandes mulheres. Que elas sejam pessoas de bem e que cresçam e aprendam a ter respeito pelo próximo”, finaliza.
Pai aos 17: da descoberta a relação de amizade com um filho-irmão
A notícia da paternidade chega de forma repentina para muitos. Mas para Aderson, com certeza, ela foi uma grande surpresa. Aos 17 anos, ele viu incluir na sua lista de responsabilidade a missão de ser pai. “Eu fiquei muito surpreso! É claro que não esperava. Mesmo com algumas responsabilidades que já tinha, como estudo e trabalho, a de ser pai era muito grande!”, lembra. Na hora de receber a notícia, o jovem não teve reação. O frio na barriga veio e a grande pergunta não saia da cabeça: E agora? O que vou fazer? E ainda tinha mais uma questão: o mais novo pai precisava contar aos pais que eles seriam avós. “Contei com todos me olhando envolta de uma mesa”, relembra. O apoio veio logo em seguida, depois da bronca. “Não me esqueço nunca do que meu pai me disse naquela noite: ‘Lamentar já não dá mais. Que venha com saúde e o que precisar você pode contar comigo. Tenha juízo agora!’”, lembra Aderson. Do nascimento do Gabriel até os dias recentes, as lembranças são sempre boas. Com o apoio da família e de amigos, ser pai em plena adolescência foi uma missão mais fácil e bem prazerosa. “Acompanhei todos os passos! Lembro de todos os momentos. Uma correria!”, brinca. Ao pegar o filho no colo pela primeira vez, o pai teve noção da responsabilidade que seria guiar uma criança. As atitudes desse momento em diante mudaram. “Você procura melhorar tudo que faz pensando só e sempre nele”, garante. Ser pai novo trouxe uma vantagem: Gabriel e Aderson são quase irmãos. “Conversamos como amigos até mesmo quando é para chamar atenção. Temos um respeito muito grande um pelo outro. Isso faz da nossa relação além de pai e filho”, afirma. Alegria da casa, Gabriel é o mimo dos avós. Com o trabalho, o pai, às vezes, se ausenta mas usa a tecnologia para estar sempre perto do garoto que é um ‘menino de ouro’, de acordo com o pai. “Não é porque sou pai não! Todo mundo diz. Gabriel não tira nenhuma nota ruim na escola. Nunca precisei levantar a voz para ele. Responsável, educadíssimo e muito tranquilo”, conta o pai babando. Os dois se divertem juntos como irmãos. “Fazemos muitas coisas juntos! Faço o máximo para participar das atividades dele. Levar ele ao futebol, ir ver os jogos dele.. Jogamos vídeo game juntos também, viajamos…”, comenta o pai. No futuro o pai espera o mesmo da relação. “Acho que no futuro continuaremos amigos. Saindo juntos, pai e filho”, brinca.
Pai herói: sem esperar, a transformação de um grande pai
Ela não foi planejada, mas isso não quer dizer que não foi bem vinda. Apesar do susto, Rafael Peixoto sabe que Beatriz – ou Bibia, para os íntimos – chegou na hora certa. “Estávamos passando por um momento delicado na família e a Bia chegou na melhor hora. Nos uniu ainda mais quando precisávamos”, afirma o pai. Apesar da proximidade que os dois sempre tiveram, recentemente, Rafael e Bibia passaram a morar juntos depois que a mãe foi estudar fora do Brasil. “A Beatriz já tinha o costume de ficar com a gente então não mudou muita coisa”, afirma. A rotina da criança inclui escola, momentos com a avó e a noite com o pai. “Nos curtimos muito! Somos muito próximos”, conta Rafael. A união que Bibia reforçou na família que nasceu é justamente o que Rafael quer que ela leve junto com a nova geração. “Educação, respeito e carinho são os valores que quero que ela leve adiante”, conta.