O que verificamos em Lagoa Santa no que tange o presídio é uma estrutura que se vê muito bem adaptada dentro da realidade do Estado e até mesmo Brasil. Fato é que existem diversos apontamentos os quais carecem de melhoria e aprimoramento, de qualquer forma a direção do presídio e seus agentes se emprenham veementemente para dar ao recluso e sua família um tratamento e uma condição condigna. Em relação a outros presídios do Vetor Norte posso ratificar que Lagoa Santa se encontra em uma média muito boa, tanto que não ocorreram incidentes no nosso município tal como os que verificamos no Presídio Antônio Dutra Ladeira. Contudo devemos também considerar o fato de que a quantidade de reclusos aqui e provavelmente seu grau de periculosidade é muito menor do que a daquele onde ocorreu a rebelião. O Brasil se vê diante de uma situação muito delicada, a qual restou ratificada pelas diversas rebeliões e pelas barbáries nunca antes vistas que lá ocorreram. Decapitações, desmembramentos, retirada de órgãos e até mesmo churrasco de preso ocorreram. Tão grave a situação que, infelizmente, mais uma vez, o Brasil ganhou a mídia internacional. A rebelião ocorrida na Dutra Ladeira foi a prova cabal de que aqui no Vetor Norte estamos sujeitos sim a motins e chacinas do porte que ocorreram no norte e no nordeste brasileiro, o derramamento de sangue no referido presídio só não ocorreu por circunstâncias alheias a vontade do Estado, ou seja, se eles quisessem ter levado ao porte escabroso do que ocorreu em Manaus, teríamos sim outra chacina. O problema é muito abrangente. A solução se vê inicialmente em medidas oriundas da Federação e dos Estados para reestruturar o sistema carcerário completamente. Para tanto haveria a necessidade de uma liberação de verbas considerável, tanto para a construção de novos presídio quanto para garantir que as pessoas não sejam simplesmente isoladas da sociedade, mas que estas sejam expostas a metodologias eficientes de ressocialização. Acredito que as medidas dos Governos para tratar da situação irão simplesmente “conter o problema e apagar o fogo”, infelizmente não vi medida alguma focada em mudar o sistema carcerário para garantir a ressocialização do preso, o que entendo que deveria ser o foco principal. Fala-se muito que o investimento em educação reduzirá, a longo prazo a necessidade de se construir presídios, concordo. Porém a situação é muito mais complexa, quando passarmos a viver em um país sério, onde o dinheiro público é devidamente empregado e não desviado, teremos educação, saúde, alimento, bem como outras garantias constitucionais que são muito belas no papel, mas longe de se veem realmente funcionais. O problema brasileiro é de gestão! Tudo isso que vivemos neste aspecto, a meu ver, é mais um reflexo do recordes de corrupção que o Brasil possui, para esse outros problemas do mesmo porte do nosso País serem saneados precisamos ter uma gestão séria onde o dinheiro público vai para o local certo, sem desvios, se isso ocorresse em alguns anos o problema carcerário, e indo além disso, a própria marginalização acabaria gradativamente. Não possuo a informação exata da quantidade de reclusos em Lagoa Santa, estou ciente que me parece que é maior que 80 e menor que 100. A estrutura física local não comporta números tão altos, mas de qualquer forma, a direção do mesmo busca uma boa condição para os reclusos locais. Meus clientes, reclusos no município, tem sempre atestado bom tratamento. A situação local só não se encontra melhor porque o que vivenciamos é um reflexo micro da situação macro existente em todo o país. Enquanto as políticas públicas das instâncias superiores e os gestores da verba pública não mudarem, dificilmente haverá um reflexo estrutura na condição carcerária local para que sejam criadas e tomadas medidas realmente eficientes. Não posso deixar de citar as APACs. Associação de Proteção e Assistência ao Condenado, por hora, frente esse complicado quadro geral, acredito que criando uma APAC em Lagoa Santa, conseguiríamos dar um grande salto para a ressocialização do condenado.